A economia está assim, o mundo está assim, eu (hoje e aqui) não digo como estou: instável no seu equilíbrio, equilibrada no seu manifesto desequilíbrio, suspensa à espera sabe-se lá de que soluções, de que remédios, de que novas agitações. Como Sacerdote de Jesus Cristo, gostaria muito de poder compreender até ao seu fundo mais profundo o que nos faz andar assim: iludidos com os nossos realismos, desiludidos com as nossas certezas, firmes nas nossas inseguranças, inseguros no que nos dá confiança, demasiado avançados no risco, falhos no essencial, que é isto: sintonizar com a razão mais profunda da nossa confiança, da nossa esperança, do conforto que sabemos, mesmo quando tudo abana, podemos ter. E atrevo-me a perguntar: será que hoje já tomámos aquela dose de Amor de que mais necessitamos? Será mesmo que já abrimos o coração à Voz que nos fala, ao grito que se impõe, à dor escondida? Para todos os efeitos, a travessia vai ser assim, e sempre mais assim: fortemente dependente do que somos, do que mostramos ser, da verdade do que dizemos e mostramos ser, da autenticidade das nossas relações. E ninguém se admire se hoje escrevo assim: a facilidade com que as pessoas não entendem o que são e o que se lhes diz é radicalmente simétrica à incapacidade que temos de dizer bem, de expressar melhor, numa palavra: de comunicar! E contudo de uma coisa, essa sim, estou certo: até que avancemos com radicalidade em direcção ao limiar de uma "comunidade de comunicação" o nosso mundo, e as nossas vidas, só podem continuar a ser o que são: desnecessariamente miseráveis, absurdamente tristes, implacavelmente fora do (seu) lugar. Dito isto, que pode parecer mais da ordem do nada do que do ser que nos é próprio, eu acrescento: felizes os que, quando na corda-bamba, sabem olhar na direcção, a única, que elimina o medo, concentra o passo, dá, para todos os efeitos, corda ao coração! E só mais uma pergunta me faço, para terminar: não será o Mês de Maria uma feliz Recordação daquela sua palavra, luminosamente destemida e complessivamente clara: «Fazei tudo o que Ele vos disser»! JJV-C
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